As cores da bandeira portuguesa têm um novo significado na capital: estabelecem quanto o utente lisboeta vai pagar para estacionar o seu carro.
Tudo
isto até seria engraçado, do ponto de vista colorido, se não agravasse
substancialmente as finanças de quem tem de usar o carro para se deslocar para
o seu trabalho. Como não o pode dobrar, meter debaixo do braço e levá-lo
consigo para o escritório, para a loja ou consultório, vai confrontar-se com
uma tarifa de 3,20€ por cada 2h de estacionamento. Logo se, como a maioria, o
seu horário de trabalho for de 8h diárias, e se situar numa zona vermelha,
despende a módica quantia de 281,60€ mensais. Melhor mesmo é mudarmo-nos todos
(serviços, empresas, comércio) para uma zona verde, sempre fica um pouco menos
dispendioso no final do mês, muito embora 136,40€ ainda seja demasiado pesado
para a carteira da maioria desta cidade à beira Tejo plantada.
Todos
nós compreendemos que a crise é profunda! Também sabemos, mas sem compreender,
que são sempre os mesmos a pagá-la, sim porque os senhores ministros e afins,
como detém viaturas do Estado, bem como a maioria dos serviços públicos, incluindo
a própria EMEL, estão isentos do pagamento daquelas.
No
meio de tudo isto o que não se compreende, eu pelo menos, é onde se encaixa o
princípio da igualdade no regulamento do estacionamento de duração
limitada da cidade de Lisboa. Será que a Câmara Municipal de Lisboa e sua
Assembleia desconhecem o art.º 13º, n.º 1 da Constituição da República
Portuguesa? Passo a citar: “Todos os
cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei”.
O
princípio da igualdade consagrado na nossa Constituição, como em qualquer outra
Lei Fundamental, de qualquer país europeu, ou fora dele, é o corolário, a pedra
basilar de um Estado de Direito Democrático. E este
tarifário colorido vem demonstrar que os portugueses não são iguais perante a
lei, já que há regulamentos e regulamentos de estacionamento de duração
limitada, com taxas diferentes em todo o país. E como se tal não bastasse os
lisboetas e utilizadores da capital ainda são distribuídos por cores que não
escolheram, não foram ouvidos nem chamados a pronunciarem-se sobre elas. Foram
outrossim uns senhores com assento na Assembleia Municipal da Câmara, que se
diga foram eleitos democraticamente para defender os interesses e direitos dos
que os elegeram, e não o contrário, a decidir tal “reizinhos iluminados” coroar
Lisboa com um aumento inexplicável e desigual o estacionamento na cidade.
Teresa
Lume
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